Projeções de conforto térmico e seus efeitos na saúde humana para o século XXI
As mudanças climáticas globais têm ganhado destaque a cada dia nas pesquisas científicas. As projeções observadas pelos modelos climáticos globais indicam que as mudanças do clima afetam vários segmentos da sociedade, dentre eles a saúde. Nesse contexto, é necessário que o setor de saúde se prepare para as consequências dessas mudanças, que são desproporcionais, visto que uma grande parcela da população são mais vulneráveis e não possuem estrutura para se proteger. Assim, o objetivo do trabalho é avaliar as projeções de conforto e suas consequências a saúde humana em um cenário pessimista do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas no período de 2010 a 2100 em toda a América do Sul. Para tanto, utilizou-se projeção do modelo CNRM-CM5 disponível no quinto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). As projeções de conforto térmico para o século XXI foram avaliadas por dois índices para ambientes abertos: índice de temperatura e umidade e o índice de calor. Notou-se que o aumento de temperatura do ar e diminuição da umidade relativa do ar projetado para o século XXI tem graves efeitos para a população humana. Esses efeitos são mais proeminentes no período do verão, em que se observa que a maior parte da América do Sul é classificada como extremamente desconfortável pelo índice de temperatura e umidade e como cautela extrema (indicando a possibilidade de câimbras, esgotamento e insolação para exposições prolongadas) pelo índice de calor. No período do inverno estes índices são atenuados espacialmente, devido a amplitude térmica do período, e ainda indicam necessidade de cuidado, e classificam-se na maior parte da área de estudo como confortável e cautela (fadiga por exposição prolongada) para os índices de temperatura e umidade e para o de calor, respectivamente. Nessa perspectiva, nota-se que a associação clima e saúde é um assunto indubitavelmente importante e deve ser tratada como um ponto estratégico nos estudos futuros, no intuito de articular discussões que favorecam a população.