Produção de metano entérico por ovinos em sistema silvipastoril de eucalipto e capim massai
O metano (CH4) é o segundo gas de efeito estufa mais importante. Na produção animal sua emissão está principalmente relacionada a fermentação do alimento no rúmen. Entre 3 e 9% da energia bruta ingerida pelos animais é perdida na forma de CH4. Com a intensificação do aumento da temperatura média do globo terrestre formas de mitigar a emissão de CH4 necessitam ser investigadas. Uma alternativa pode ser a inclusão de árvores em sistemas pastoris levando a uma alteração na composição química do alimento e também no desempenho animal o que pode levar a uma redução na emissão total ou por unidade de produto de CH4. O objetivo desta pesquisa foi quantificar a emissão de CH4 por ovinos e a composição química do capim massai sobre 3 níveis de sombreamento em sistema silvipastoril. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado sendo os tratamentos 3 níveis de sombreamento pleno sol (sem árvores, moderado (com eucalipto espaçado 12m entre linhas) e intenso (com eucalipto espaçado 6m entre linhas) com 6 repetições. A composição química da forragem e a emissão de CH4 entérico foram avaliados por 3 anos seguidos (2013 a 2015). A composição química do capim não apresentou diferenças entre os níveis de sombreamento assim como entre anos. Ao analisar a composição bromatológica do capim massai o teor médio de proteína bruta foi 10%, fibra em detergente ácido 69,3%, fibra em detergente neutro 38,1%, hemicelulose 31,2%, celulose 33.5% e lignina 4,7% com base na matéria seca. A emissão de CH4 entérico não diferiu entre níveis de sombreamento, porém foi afetada pelos anos de avaliação. No primeiro ano a produção de CH4 por animal foi 5,8, 7,1 e 6,2 kg CH4 animal-1, no segundo 10,2, 9,2 e 9,4 kg CH4 animal-1 e no terceiro 8,5, 7,3 e 7,0 kg CH4 animal-1. A ausência de efeito dos níveis de sombreamento sobre a composição bromatológica do capim massai significa que nos arranjos arbóreos estudados não afetou os mecanismos fisiológicos que levam a alteração na formação dos compostos nitrogenados e fibra na planta. Essa ausência de efeito sobre a composição química também explica a produção similar de CH4 entre os níveis de sombreamento. Já a diferença entre anos pode ser atribuída a características intrínsecas aos animais que eram diferentes entre os anos. Os níveis de sombreamento utilizados podem ser adotados em sistemas de produção silvipastoris sem alterar a composição química da forrageira, porém, não se constitui em uma alternativa a mitigação de CH4 entérico.